Πεντηκοστιανοί & "χαρισματικοί"

Apologética ortodoxa

POUCAS PALAVRAS SOBRE

O FALAR EM LÍNGUAS

padre Stefanos Stephopoulos

Falaram os Apóstolos literalmente os idiomas que são mencionados na Escritura? (Atos 2, 9-11). O que sabemos é que os apóstolos falavam e cada um dos seus ouvintes os escutava em seu próprio dialeto (Atos 2, 6-8).

Foi o início da pregação, com o poder do Espírito Santo numa época em que a “terra” era inculta! Sinal de que muitas nações viriam à Igreja e em todos os idiomas seria glorificado o Seu nome. Símbolo de unidade e anulação de Babel, onde aconteceu a confusão das línguas!

1) O FALAR EM LÍNGUAS DO PENTECOSTES (Atos dos Apóstolos)

Na literatura patrística podemos distinguir duas opiniões sobre a natureza daquilo que era ouvido.

São João Crisóstomo: (E assim como quando se construía a torre de Babel uma língua se dividiu em muitas, assim então muitas línguas vieram a um só homem e o mesmo falava persa, romano, indiano e muitas outras línguas, pois o ensinava o Espírito Santo. E este dom era chamado dom de línguas, porque quem o recebia podia falar imediatamente muitas línguas.). A mesma opinião têm também os santos Gregório, o Teólogo, e Cirilo de Jerusalém, ou seja, que os Apóstolos não falavam hebraico, mas línguas estrangeiras (São Cirilo de Jerusalém, Catequese 17 § 16 EPE 2,239-241). (Homilia 41, No santo Pentecostes 15 EPE 5, p. 144)

São Gregório de Níssa & São Porfírio: Eles falavam hebraico, mas “cada pessoa os ouvia falar em sua própria língua” (Contra Eunômio II EPE2 p. 446-448)

2) O FALAR EM LÍNGUAS COMO DOM DA ORAÇÃO MENTAL (1 Coríntios)

A pergunta: “porque quem fala em língua” (1 Coríntios 14,2). Não é o mesmo que o falar em línguas do Pentecostes, mas o dom pessoal e privado da oração mental.

São João Crisóstomo identifica os tipos de línguas como “língua de ação de graças” (1 Coríntios 14,16), “língua de louvor” (1 Coríntios 14,15), e “língua de salmodia” (1 Coríntios 14,15) – com o dom apostólico da compreensão no Pentecostes, e depois confessa que “é extremamente difícil esclarecer toda a passagem” “Este trecho inteiro é muito obscuro. E a obscuridade vem do desconhecimento e da falta das coisas que então aconteciam, mas agora não ocorrem”. (São João Crisóstomo, Comentário à 1ª aos Coríntios)

Outro tipo de falar em línguas é o “falar em língua” (1 Cor. 14, 2-5). Pois o falar em línguas dos apóstolos tinha como propósito a pregação, mas “quem fala em língua não fala aos homens, mas a Deus, pois ninguém ouve, mas em espírito fala mistérios” (1 Cor. 14, 2). “Porque quem fala em língua não fala aos homens, mas a Deus; ninguém ouve, mas em espírito fala mistérios”

Tradução de João Ferreira de Almeida (Versão Revista e Corrigida)

“o que fala língua desconhecida, não fala aos homens, mas a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios…”

Versão King James

“Porque o que fala em língua desconhecida, não fala aos homens, mas a Deus, pois ninguém o entende” – A palavra “unknown” (=desconhecida) é acrescentada à palavra “tongue” (=língua) da edição KJV em 1 Coríntios 14,2,3,4,16,20,29

Interpretação de São Nicetas Stethatos:

“Os tipos de línguas que são mencionados pelo apóstolo Paulo não são línguas estrangeiras nem gritos inarticulados, mas ‘oração ou salmodia interior em língua’, ou ainda como ‘oração do coração’”

4) O verbo “ouvir” no Novo Testamento

“Porque quem fala em língua não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém ouve, mas em espírito fala mistérios”

Na tradução do Novo Testamento pelos professores Karavidopoulos, Galanis, Vassiliadis e Galitis, o verbo é interpretado de forma diferente: “…ninguém o entende, mas com o poder do Espírito ele expressa verdades incompreensíveis”.

Na tradução do Novo Testamento pelos professores Louvaris e Chastoupis, o trecho é traduzido assim: “…porque nenhum dos ouvintes entende o que é dito em língua desconhecida, mas pelo Espírito fala de verdades ocultas”.

No dicionário do Novo Testamento de Sofronios Efstratiadis, Metropolita de Leontópolis, lemos o seguinte: “entendo, compreendo plenamente”, Mateus 13,16 “mas bem-aventurados os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem”. 1 Cor. 14,2; Marcos 4,33 (a palavra). Gálatas 4,21.

O dom no trecho em questão não é algo inaudível e praticado em silêncio ou interiormente, mas algo audível e que exige que o ouvinte tenha o mesmo dom, ou que o que fala tenha interpretação para poder expressá-lo aos outros membros da comunidade eclesiástica.

O FALAR EM LÍNGUAS ENTRE OS HEREGES

Entre os pentecostais existe:

  1. A) Como Sinal da recepção do Espírito Santo – como no dia de Pentecostes se apresentou aos Apóstolos
  2. B) Como Dom para o fiel que falará mais de um idioma estrangeiro.

Mas não observamos:

  1. a) Línguas de fogo, b) sopro violento

Observamos:

gritos inarticulados,
interjeições com alternância de palavras estrangeiras conhecidas,
“confusão” da língua e treinamento nisso!
testemunho de um pentecostal de uma fala feita numa reunião da E.A.E.P. há um ano: “…um dia após a igreja o pastor disse que ‘quem quiser receber o Espírito Santo venha à frente’. Disseram-me que eu tinha que ir e que não haveria outra oportunidade igual, e fui. O pastor me disse que ‘se minha língua se confundir é do Senhor e para deixar acontecer.’ Mas eu tinha medo…”

DOM QUE CESSOU

Apóstolo Paulo: “têm todos dons de curar? falam todos línguas? interpretam todos? aspirai, porém, aos dons maiores. e ainda vos mostrarei um caminho sobremodo excelente.” (1 Cor. 12, 30-31)

Irineu: embora em certo ponto mencione falar em línguas, em outro, ao enumerar os dons espirituais, omite-os. Isso significa que em seus dias o dom do falar em línguas começava a desaparecer. (Contra as Heresias, fragmento 11).

São Justino: Diálogo com Trifão menciona dons, mas não falar em línguas. (cf. 39,2) nasceu por volta de 110 d.C. Viveu na Palestina, em Corinto, em Atenas, especialmente em Roma.

Orígenes (185 d.C.): em Contra Celso são examinados os dons dos cristãos e contrapostos aos “dons dos pagãos”. Não se fala de glossolalia. “Os sinais do Espírito Santo, a princípio durante o ensino de Jesus, e depois da sua ascensão foram mais numerosos, mas depois se tornaram menos frequentes – no entanto, ainda agora há vestígios entre poucos, cujas almas estão purificadas pela palavra e pelas ações segundo ela” (Contra Celso, 7,8)

São Cirilo de Alexandria observa que a capacidade de ser compreendido por aqueles que escutam, mas falam outros idiomas, foi dada por economia num momento específico como resposta a uma necessidade especial. (São Cirilo de Alexandria, Comentário à 1ª Coríntios, 12,9-11, PG 74, 888C)

São Gregório de Níssa: pois que sentido teria sua pregação numa determinada língua para aqueles que falavam outra língua? (Homilia sobre o Espírito Santo, EPE 11.54)

Santo Agostinho:
«Nos primeiros anos o Espírito Santo caía sobre aqueles que acreditavam, e eles falavam em línguas que não tinham aprendido, conforme o Espírito Santo lhes dava palavra. Esses eram sinais adaptados à época. Pois era apropriado que houvesse esse sinal do Espírito Santo em todas as línguas, para mostrar que o Evangelho de Deus estava destinado a ser difundido por todas as línguas em todo o mundo. Isso aconteceu como sinal, e passou».

«Agora se espera que aqueles que serão ordenados devam falar em línguas? Ou, quando ordenamos essas crianças, alguém de vocês esperava ver se falariam em línguas? E, ao ver que não falavam em línguas, houve alguém entre vocês tão pervertido de coração a ponto de dizer ‘esses não receberam o Espírito Santo’?». (Homilias sobre João, IV:10)

Santo João Crisóstomo:
«Antigamente muitos oravam em língua estrangeira… Persa ou latim, sem que a mente deles soubesse o que era dito naquela língua estrangeira». (35ª homilia sobre 1 Coríntios)

«Por que razão, então, essa graça (isto é, o falar em línguas) foi restringida e desapareceu agora dos homens? Isso aconteceu, não porque Deus nos desprezou, mas porque nos honrou excessivamente. Como? Eu vou te dizer. Os homens, naquela época, eram mais tolos… suas mentes eram ainda mais grossas e insensíveis… Eu, então, agora não tenho necessidade de sinais sobrenaturais. Por quê? Porque aprendi a crer no Senhor Cristo mesmo sem que Ele me dê sinal sobrenatural…» (1ª homilia no Pentecostes)

NENHUMA REFERÊNCIA AO FALAR EM LÍNGUAS:

Na epístola do apóstolo Pedro nas suas 2 cartas escritas depois do ano 60 d.C.
Na epístola católica de Judas, o irmão do Senhor, escrita por volta do ano 70 d.C.
Nas 3 epístolas de João, o teólogo, e no Apocalipse, que foram escritas mais tarde que todos os livros do Novo Testamento, na década de 90.

São Gregório Palamás menciona:
«Por isso, os que falam línguas estrangeiras estão fora de si por inspiração dos demônios». (Filocalia IV, pág. 126)

No Montanismo:
«Falar de forma sem juízo, intempestiva e estranha», e «falar em voz estrangeira». (Eusébio, História Eclesiástica V, 7 e 9)

No Espiritismo – No Islã (dervixes dançantes) – Nas Pitonisas – Nas “iluminadas” – Nos Huguenotes do século XVII – Nos Quakers – Nos Mórmons

DIFERENÇAS

Nos Atos dos Apóstolos, as línguas eram compreensíveis e claras para todos (Atos 2:8,11), enquanto em Corinto o falar em línguas era incompreensível para os ouvintes. (1 Coríntios 14:27,28)

Nos Atos, o propósito das línguas era mostrar aos presentes a presença do Espírito Santo, e a autenticidade e autoridade divina da pregação cristã (Atos 8:16,17; 10:44,45), enquanto na igreja de Corinto, o falar em línguas era para a edificação pessoal daquele que falava. (1 Coríntios 14:4)

Nos Atos dos Apóstolos, não era necessário intérprete, enquanto na igreja de Corinto o intérprete era indispensável. (1 Coríntios 14:28)

Nos Atos, os que falavam línguas falavam aos homens, enquanto em Corinto falavam “a Deus”. (1 Coríntios 14:2)

Nos Atos, os estrangeiros que ouviam as línguas “se admiravam e se espantavam” (Atos 2:7), enquanto em Corinto, Paulo adverte que os incrédulos poderiam considerar os que falavam em línguas como “endemoniados”. (1 Coríntios 14:23)

Nos Atos, o falar em línguas era oral, compreensível e línguas conhecidas e faladas: “nós os ouvimos falando em nossas línguas as grandezas de Deus” (Atos 2:11; 10:46), mas na igreja de Corinto, o falar em línguas era oração secreta (monólogo), canto improvisado. “Orarei com o espírito, mas orarei também com a mente; cantarei com o espírito, mas cantarei também com a mente” (1 Coríntios 14:15), incompreensível para os presentes. (1 Coríntios 14:23)

Nos Atos dos Apóstolos, o falar em línguas era um fenômeno que se manifestava somente em ocasiões especiais, para conferir autoridade à mensagem evangélica dos apóstolos, pela presença do Espírito Santo (casos de Pentecostes, Cesareia, Éfeso). Na igreja de Corinto, porém, o falar em línguas era prática eclesiástica habitual.

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